Violência e hipocrisia, marca de um tempo ... (FolhaBV)
Violência e hipocrisia, marca de um tempo ... (FolhaBV)
Interessante a maneira de ver o problema da violência de alguns “observadores”. Não faltam programas de TV que defendem abertamente a redução da idade penal, sem uma vírgula sobre a ampliação da mesma, o que permitiria que alguns velhos delinquentes sentassem no banco dos réus. Muitos defendem a pena de morte como panaceia para resolver a questão, sem ver que ela já existe para as vítimas do sistema social e econômico vigente. O ladrão de galinha é avaliado com excessivo ódio pelos comentaristas de plantão, enquanto o ladrão do galinheiro é patrocinador e muitas vezes dono do “veículo de comunicação”. O comportamento beligerante e agressivo dos “de baixo” é somente um arremedo do que fazem no cotidiano “os de cima”. Os órgãos repressivos são muito céleres no combate ao crime “dos comuns”, o que faz parte do seu trabalho, o problema é que ao enfrentar um meliante de luxo não se vê a mesma atitude. Recentemente, no que se refere ao problema das fugas do presídio, vemos autoridades e alguns políticos com zelosos discursos sobre criminalidade e punição, nenhuma palavra sobre “crimes de colarinho branco”, estes praticados pelos altos escalões dos poderes executivo, legislativo e judiciário. O silêncio, neste caso, testemunha contra seu comportamento, ou mesmo se afirma como a marca indelével de sua conivência e participação no assalto ao patrimônio público físico, monetário, ambiental, ético. A propaganda política dos governos municipal, estadual e federal, na mídia, é outra forma de violência, pois tenta negar o que enfrentam os que necessitam dos hospitais, das estradas, da segurança, do lazer. A forma de “interpretar” a fuga dos que renunciam ao mandato para escapar da necessária punição é outra forma de agressividade, de violência institucional. Saber que nenhum dinheiro subtraído dos cofres públicos será devolvido, também se constitui em violência, em acinte à justiça que eles desmoralizam. Também é violento o fato de alguns se manterem no poder apesar de responder a tantos processos judiciais. Violento também o “calar das ruas” e a defesa de criminosos metamorfoseados de autoridades. Necessárias uma reflexão e atitudes urgentes dos que sonham e acreditam poder construir um novo Mundo, pois “os de cima” que aí estão são reféns, sócios e sósias de um crime e uma violência planejados.
“Os cientistas descobriram que não há vida inteligente em Marte. Fico feliz em saber que não estamos sozinhos no Universo”. (Millor Fernandes, saudoso)
Robert Dagon, bancário. robert_dagon@hotmail.com