Sobre o lixo nosso de cada dia. (FolhaBV)
Sobre o lixo nosso de cada dia.
Robert Dagon
Consumo, lixo e meio ambiente são situações diretamente ligadas que geram uma preocupação na vida moderna. Já paramos para pensar quanto lixo produzimos por dia? E para onde vai quando sai de nossas casas? Essas respostas devem estar incluídas como prioridade: o desafio da armazenagem e destinação correta do lixo.
A região sudeste do país é a que mais gera lixo. Segundo informações da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, são 89 mil toneladas por dia. Uma média de um 1,5 quilo por habitante.
O lixo está relacionado com o desenvolvimento: quanto maior o desenvolvimento, maior também é a produção de lixo nas cidades.
Quando os materiais não são jogados em vias públicas ou áreas verdes, como matas e rios, o lixo vai para lixões. Estimativas apontam que no Brasil são 1.688 espaços desse tipo, que recebem 22 milhões de toneladas de resíduos por ano. Mas o problema reside no fato do material ser despejado de forma inadequada. Cerca de 72% das cidades brasileiras jogam o lixo de maneira irregular.
Alguns Estados criaram políticas para resolver o problema. A política nacional de resíduos sólidos estabeleceu que até o presente ano não mais deveria haver lixões e disposição de resíduos a céu aberto em qualquer lugar do país.
Ao invés de lixões, os municípios deveriam investir em aterros sanitários, com o objetivo de melhorar as condições relacionadas aos descartes sólidos urbanos. Os aterros podem ser divididos em diferentes tipos. No aterro convencional, de valas, exigido para cidades pequenas, existe a formação de camadas de resíduos compactados, que são sobrepostas. Outro tipo de aterro é feito com o uso de trincheiras que facilitam o aterramento dos resíduos e a formação de células e camadas. Nesse caso só pode ser encaminhado o resíduo que não é reciclável, chamado de material orgânico.
O chorume, aquele líquido que sai da matéria orgânica em decomposição, é tratado e volta a ser água limpa. O gás metano, produzido durante a decomposição e que tanto agride o planeta, é canalizado e vira energia. Transformar lixões em aterros sanitários no Brasil seria um passo importante. O lixo deveria ser coberto por uma camada de terra e árvores plantadas.
O descarte de lixo em depósitos adequados, em aterros sanitários, é de responsabilidade dos municípios, os quais devem investir na coleta geral, educação e reciclagem, fazendo disso uma oportunidade de renda, segundo o Estatuto das Cidades, uma lei Federal. O material descartado vira matéria prima para indústrias, ajuda o meio ambiente e garante renda para milhares de famílias.
E, na era da tecnologia, o que fazer com o que não funciona mais, também virou problema. Baterias e equipamentos eletrônicos não podem ser descartados de qualquer maneira, pois possuem metais pesados usados, por exemplo, na produção de pilhas, podendo contaminar o solo. Uma pilha velha vaza um líquido que, na verdade, é um metal pesado. Esse metal entra na corrente sanguínea e vai se acumular no sistema nervoso.
Não é mais possível compactuar com esse estado de coisas. É necessário e emergencial que os municípios sejam dotados de condições para criação de aterros sanitários, um descarte apropriado e também a educação ambiental, promovendo a coleta seletiva.
Como afirma um importante ambientalista: “É crucial cuidar da cidade, ter uma cidade limpa, cuidar da saúde dos nossos familiares e também assegurar uma forma de existência das gerações futuras”.
Robert Dagon, bancário. robert_dagon@hotmail.com