Sinal das ruas, silêncio político. Pensamentos ao vento. (FolhaBV)
Sinal das ruas, silêncio político. Pensamentos ao vento. (FolhaBV)
Apesar das inúmeras manifestações públicas, o silêncio e a tergiversação dos políticos tradicionais são, no mínimo, preocupantes. Desvia-se o debate sobre as questões mais importantes e quando este ocorre é de forma superficial, de tal maneira que nem tangencia uma solução significativa. Fazer reforma política pelos e com os de cima; trazer médicos estrangeiros sem ouvir os profissionais da área de saúde; desmoralizar o movimento social infiltrando policiais nas manifestações e usar indevidamente o exército; manter as espúrias alianças políticas com fins eleitorais e manutenção do esquema de corrupção; subsidiar parte da “imprensa” para veiculares informações “importantes” sobre o nascimento de filho de autoridades européias. São todas essas, entre outras, formas de desviar a atenção dos problemas mais emergenciais de população deste grande Brasil. Isto sem falar na forma como meios de comunicação veiculam a repentina pauperização de um dos homens mais ricos: de tal maneira que logo seremos chamados para uma campanha pública de recuperação de seu patrimônio. Nada abala os poderes constituídos (Executivo, Legislativo, Judiciário). Curtem suas férias muito bem remuneradas (que chamam de recesso) e o presidente do Congresso diz que não vai devolver dinheiro algum e que tem direito de utilizar-se dos transportes públicos que devem servir aos interesses da Nação. Os grandes esquemas de corrupção, venda de influência, grandes projetos de construção para a Copa, nepotismo, julgamentos sem prisão de réus, mensaleiros mantendo suas regalias e pousando de autoridades, são fatos cotidianos do brasileiro. As perguntas que não podem calar: até onde podemos ou devemos ir para, sem esperar o calendário eleitoral, tentar abrir os olhos e ouvidos das chamadas autoridades deste País? Que se pode esperar de tanta indiferença, falta de respeito e compromisso. Até onde irão levar seus interesses privados, em detrimento do interesse maior do povo brasileiro? Até onde se mascararão de inocentes quando são, os donos do poder, sócios de nossa miséria material e intelectual? Quando se cansarão de afirmar que estão “dividindo o bolo” (célebre frase do período ditatorial militar)? Estas questões fazer parte do nosso dia a dia e não podemos permitir que sejam empurradas para debaixo do tapete. O simples debate pode ser o fermento de um novo porvir, de uma nova maneira de fazer política, com participação popular e controle social, agregados à necessária transparência e visibilidade da construção social coletiva do tecido político.
Robert Dagon, bancário. robert_dagon@hotmail.com