O Natal e pequenas reflexões. (FolhaBV)

26/12/2013 14:49

 

O Natal e pequenas reflexões.   (FolhaBV)

Robert  Dagon*

Nessa quinta feira, dia 26 de dezembro, estaremos um pouco distantes do Natal e mais próximos de 2014. Teremos feito muitas homenagens, tentado ser solidários ou menos egoístas, lembrado dos menos “possuídos”, dos menos protegidos, dos pauperizados, dos fragilizados e, terminado o período mais influenciado pela visão cristã ocidental, pensaremos em 31 de dezembro, uma programação mais próxima do que se convencionou chamar de evento “pagão”. Muitas festas, projeções, planos, viagens a fazer, construções materiais e virtuais, abandono e retomada de iniciativas. Muitos velhos e novos amigos, velhas e novas brigas conosco e com os outros, um esporádico encontro com um livro e um velho “acho que entendo de tudo um pouco e um pouco de tudo”.  Novas formas de afirmar velhas concepções filosóficas e históricas e velhas formas de afirmar as novas. Cada vez mais vemos vencer a ignorância vestida de novidade, o abandono da ciência como companheira do “humano” em sua “viagem cósmica” e a afirmação da crendice como método profilático, como remédio para dores físicas, culturais, históricas e mesmo mentais. A crise atinge as diferentes visões de Mundo. Crentes, descrentes, agnósticos, niilistas, ateus, religiosos dos mais diferentes matizes. Parece que não ficará “pedra sobre pedra”. O ano novo tem essa característica de tornar lúcidos os loucos e loucos os lúcidos, alcoólatras em vendedores de água benta e os do outro lado em bebedores contumazes. Nada fica de pé, pois pouca gente fica com os “pés no chão”. Já não há nem mesmo chão. Todos parecem poder voar, belas mulheres em vassouras e bruxas em velozes modelos aéreos. Aliás, parece não mais haver modelos a seguir em quaisquer planos. Não há esperança, quem espera não alcança e quem alcança não espera. Os ladrões oficiais já vestem e comem pele de cordeiro e cordeiro de pele e sabem que são os maiores neste “ofício”.

 Mais eis que, junto com as doze badaladas, o primeiro minuto do ano e um “acordar geral”, precedidos de um alto som de clarim, dizem:   C h e ga!   O “sonho continua”, não começa nem acaba, apenas   c o n t i n u a!   É hora de voltar ao “trabalho”, este “incômodo universal” que, para alguns, é um “castigo divino”, uma contradição filosófica para outros e uma questão de sobrevivência natural que, em linha reta, contabiliza 732.732 dias de era cristã de “pretendida Humanidade”.

Passado o transe quase universal, sabemos que o futuro é provável e necessário. Mais que uma necessidade, uma imperiosidade. Podemos fazê-lo diferente do que tem sido o presente, um presente para este ser humano tão maltratado, tão vilipendiado, tão humilhado e que ao mesmo tempo superou guerras, doenças, genocídios, ditaduras, mentiras e ignorância institucionalizadas, falsos líderes, tragédias e limites físicos naturais.

 “O futuro é uma astronave que tentamos pilotar, não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar, sem pedir licença muda nossas vidas e depois convida a rir ou chorar”.

Toquinho, poeta.

*Bancário                             robert_dagon@hotmail.com