Impunidade sustentada ou sustentável? (FolhaBV)
Impunidade sustentada ou sustentável?
Robert Dagon (*)
Pelos últimos acontecimentos envolvendo os “mensaleiros”, podemos ter uma visão de como se comportam diversos atores em relação à coisa pública. Impressiona a capacidade de solidariedade para com políticos como José Dirceu e Genoino. A arrecadação realizada para pagar a multa oriunda de seus crimes ultrapassou, e muito, o montante necessário. A conivência com seus atos, por milhares de brasileiros, é de deixar qualquer um boquiaberto. Abram-se parênteses para dizer que os mesmos são réus confessos, pois renunciaram a seus mandatos para escapar do julgamento do “suspeito” Congresso Nacional. Afirma o ainda deputado João Paulo Cunha, processado por corrupção passiva e peculato, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que se submeterá ao julgamento de seus “pares”. Quem viver verá. O que importa é que a legitimidade de seus atos nada honrosos foi expressa na cota milionária já falada. O Partido que já foi paladino da moralidade deu contribuição gigantesca para o maior escândalo da História deste País. Mais: comandou o assalto. Seus aliados são históricos “construtores” do Golpe Militar patrocinado pela agência norte americana de espionagem, a CIA. Os mais jovens deste Brasil não sabem que a sangrenta Ditadura Militar, hoje defendida por alguns, foi orquestrada com a relevante contribuição do Governo Americano e se estendeu, por décadas, em nossa América Latina, inclusive com treinamento de torturadores em seus calabouços. Falam os documentos hoje liberados pelo Governo dos EUA. Sabedores da veracidade do que aqui é escrito, os “dirigentes” do PT antecipam um suicídio, cavam a própria cova, levando, para nossa desgraça, toda a esperança de um povo. Ainda assim, o PT tende, por ter a confiança dos banqueiros e dos grandes grupos nacionais e internacionais, a continuar à frente do Executivo Nacional, se não houver a apresentação de um projeto e de candidaturas que expressem os interesses maiores do povo do Brasil.
Ao se apresentarem como presos políticos, os políticos presos querem um privilégio a que não têm direito. Não podem dourar a pílula, crimes comuns serão sempre crimes comuns, mesmo que cometidos por quem ocupava espaço incomum, de confiança, de autoridade. O direito como ciência e práxis humana deveria prever penas mais severas para quem tem pleno conhecimento de seus atos. Neste ponto reside o aspecto mais aviltante dos crimes dos “mensaleiros”: a consciência abrangente e absoluta do que estavam fazendo!
Como no início do livro de George Owen, “A Revolução dos Bichos”.
‘TODOS OS BICHOS SÃO IGUAIS”
Há cerca de quinze anos aparecerem prometendo a sonhada e necessária igualdade de direitos.
Hoje, como dizia Owen no final do citado livro:
“ALGUNS BICHOS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”
(Bancário) robert_dagon@hotmail.com