Descaso com a população ou uma população de descaso (FolhaBV)

22/05/2014 21:28

 

Descaso com a população ou uma população de descaso

Robert Dagon (*)

Caminhar pela Avenida Jaime Brasil, durante a noite, é um verdadeiro pesadelo: é necessário driblar a escuridão, ver abandonadas a Praça Capitão Clovis e a Praça do Chafariz (oficialmente Joaquim Nabuco) e chegar até a Orla Taumanã (cujo banheiro está ou sempre esteve quebrado) com quiosques sem ocupação, deteriorados.

Atrás do Palácio Hélio Campos, sede do Governo Estadual, estão os chalés que, construídos para abrigar lanchonetes, estão em sua maioria fechados ou ocupados, precariamente, por verdadeiros heróis e heroínas que fornecem alimentação de excelente qualidade. Os banheiros não acompanham a excelência alimentar: quebrados, sem higienização adequada, constituem um retrato do desprezo pela população da capital do Estado de Roraima.

No sentido centro-aeroporto, chegamos a Praça da Alimentação, cujos saborosos pratos não encontram contrapartida, de novo, com as condições dos banheiros. Mais ainda: esgotos a céu aberto mostram a “preocupação” do Executivo Municipal com doenças originadas de condições higiênicas inadequadas. O testemunho advém do forte odor que exala do chorume do estacionamento e de sua proximidade.

Ao lado, o prédio do Primeiro Distrito Policial, depauperado, sem condições mínimas de trabalho e atendimento, local aonde funcionou a Secretaria de Segurança Pública Estadual.

Mais adiante, entre a academia de ginástica (em frente à Câmara de Vereadores) e a Praça Ayrton Sena, novamente quiosques abandonados e, os que funcionam, têm banheiros decentes por que são mantidos pelos pequenos empresários que resistem.

Enquanto isto, carros-pipa, mantidos por contratos milionários, molham plantas e “adubam” o orçamento particular de alguns poderosos e seus apaniguados, sob o olhar de quem deveria vigiar e zelar o patrimônio público, nos diversos órgãos de fiscalização e controle, nos poderes constituídos para realizar tal trabalho.

Este quadro não é ficção, algo virtual, infelizmente é a realidade em pleno coração de Boa Vista. Não é algo subtraído de um bairro afastado, sem estrutura, pois pode ser verificado na avenida que dá acesso ao aeroporto internacional, caminho de todas as autoridades de qualquer um dos poderes, dos visitantes, dos turistas, dos ditos responsáveis pela saúde, pela segurança, pela estética urbana.

Contudo, entre os prédios da Assembleia Legislativa, do Palácio da Justiça, da Secretaria de Estado da Fazenda, do Palácio do Governo e da Câmara de Vereadores (que estão no mesmo perímetro urbano), alguma coisa cheira diferente, exigindo criteriosa e exigente profilaxia.

Por isto e muito mais, as fronteiras do processo eleitoral de 2014 estarão demarcadas entre, de um lado, os de “sempre” por que “sabem fazer” e, de outro, o povo, que pode transformar.

(*) Robert Dagon, bancário.

FolhaBV, 20140522