Construção civil, democracia x postura autoritária. (FolhaBV)
Construção civil, democracia x postura autoritária.
Robert Dagon (*)
Várias categorias de trabalhadores estão em campanha salarial, a exemplo de bancários e trabalhadores da construção civil.
Os bancários têm uma campanha nacional unificada, o que resulta uma Convenção Coletiva Nacional, válida em todo o Brasil, pelo prazo de um ano (01 de setembro de um ano a 31 de agosto do ano seguinte)
Em termos mundiais, são poucos os trabalhadores que conseguem ter um acordo de âmbito regional ou nacional. Com muita luta houve avanços pontuais em alguns países.
Entre os pontos acordados estão, em geral: reajuste salarial; reposição de perdas e índice inflacionário; condições de trabalho; horas extras; organização por local de trabalho; assédio material e moral; desconto assistencial (em favor da entidade sindical de caráter mensal, na maioria das vezes); liberação de dirigentes e estabilidade sindical; participação nos resultados; auxílio transporte e de assistência à saúde; entre outros itens.
Muitas vezes, apesar do Acordo / Convenção serem assinados entre as representações sindicais de trabalhadores e patrões, ocorrem dificuldades no cumprimento desses instrumentos contratuais. Isto obriga a parte prejudicada, na maioria das vezes a dos trabalhadores, a recorrer à justiça trabalhista.
Os trabalhadores da construção civil de Roraima, cerca de 8.000, fizeram uma mudança na direção do seu sindicato e elegeram uma diretoria comprometida e leal aos seus interesses coletivos. Como consequência, alguns de seus dirigentes foram demitidos pelas construtoras e o repasse das mensalidades não está sendo feito por algumas empresas, mesmo que o dinheiro esteja sendo descontado dos trabalhadores.
O resultado dessas medidas arbitrárias, por parte das construtoras, por envolver recursos necessários ao funcionamento do sindicato, paralisam-no, tornando-o nulo como instrumento de defesa dos interesses dos trabalhadores.
Importante que se diga que, dos setores econômicos, o da construção civil está, junto com os banqueiros, em muito boas condições. Basta citar os lucros que tiveram com as arenas da Copa ou que estão tendo com o “minha casa, minha dívida”, transposição do Rio São Francisco e “recuperação” da BR-174 (em particular o trecho Manaus-Caracaraí).
Em tais circunstâncias, ao mesmo tempo em que a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil recorre judicialmente, é urgente e necessária a união dos setores ligados aos trabalhadores, visando angariar contribuições materiais e logísticas.
Robert Dagon, bancário
Publicado em Folha de Boa Vista, 20140731