BigBrother 2013, Brasil 2013, uma reflexão (FolhaBV)

11/04/2013 13:43

 

BigBrother 2013, Brasil 2013, uma reflexão     (FolhaBV)

Este ano temos a décima terceira edição deste “programa”.  Já há gerações, novas e velhas, formatadas pelos rumos dados pelo referido. Várias são as contribuições: cada vez mais se vasculha a vida alheia e menos se respeita a tão propalada individualidade; mais e mais se afirmam valores como a “beleza global”, o apego desenfreado ao deus dinheiro e o vale tudo para consegui-lo; mais e mais os carros e as bebidas são vestidos com propagandas em que o “humano” se lhes dá sentido e o ser (humano) é mais pisoteado, humilhado, ofendido; mais e mais a violência contra a mulher é difundida de forma rasteira, sorrateira; aos meninos sobra o sonho de ser jogador de futebol ou se afirmar, de forma alienada, em frente à televisão. Entretanto, é importante pensar em outro BigBrother, mais amplo, mais real em nossas vidas e cujo palco não é o espaço global. Este outro programa, muito semelhante, se desenrola no Congresso Nacional, no Sistema Judiciário e no Executivo (Federal, Estadual, Municipal). Senão, vejamos: “nunca na história deste País” se ouviu falar tanto de corrupção, desvio de recursos, furto da merenda escolar, de dinheiro de hospital, de aparecimento de “novos ricos”, de vencedores de uma disputa em que o povo é o grande perdedor. Em um programa, este de televisão, o povo usa o telefone para perder dinheiro e a possibilidade real de viver aquela experiência. No outro, da vida real, o povo paga imposto e os políticos e aqueles que deveriam zelar a coisa pública são participantes de uma festa na qual uns praticam crimes e outros fingem que não vêem. O meio ambiente é visto como algo distante, inesgotável, sem limites de fronteira e de vida. Apenas o cientista, esse ser invisível (como o porteiro do prédio, o vigilante do trabalho, a lavadeira, o caixa do supermercado, o professor, o agricultor)... apenas o cientista, repito, afirma que seguindo o grau de consumo vigente no Planeta, logo, logo precisaremos de mais quatro lugares iguais a Terra para viver toda a humanidade. Entendamos, entrementes, que este consumo se reduz a pouco mais de 5% dos terrestres (os abastados). No programa real os vencedores incluem uma certa “esquerda”, que se auto intitula vitoriosa, que comete o mais grave dos delitos para realizar seu projeto: a aliança com os torturadores dos vinte e um anos do regime militar; o apoio e a convivência protetora, pacífica, conivente com os velhos políticos da ditadura, elegendo-os para a presidência dos poderes, alimentado sua sede de poder e dinheiro que deveria servir ao povo. O fim desse BigBrother aterradoramente real, massacrante, criminoso, de efeito perigosamente multiplicador é a possibilidade da volta a um passado que deveríamos impedir. Nos anos oitentas afirmava-se que a denominada extrema esquerda levaria a direita tradicional ao poder. Passados treze anos (que coincidência), a direita mais reacionária (redundância) recebe cargos da relevância como a presidência do Congresso Nacional e da Comissão de Direitos Humanos, isto sem considerar a frágil aliança entre os dois maiores partidos do Brasil. Passados treze anos, mesmo os que não acreditam devemos pedir ou lutar por muita sorte para nosso País e nosso Povo, pois o Big da Globo é dirigido por alguém que já lutou por um Mundo Melhor. Felizmente, o Big do Brasil é determinado, em última análise, pelo maravilhoso Povo Brasileiro e por aqueles que queremos e podemos sonhar com um final em que seja vencedora a maioria dos que habitam (ou habitaram) a Terra de Santa Cruz, Ilha de Vera Cruz,  Brasil.

“Vós que vireis na crista da onda em que nos afogamos, lembrai-vos do tempo sombrio a que haveis escapado” (Brecht, Bertold - dramaturgo alemão).

Robert Dagon, bancário e militante do PSOL