Bancários em luta, uma vitória política. (FolhaBV)
Bancários em luta, uma vitória política. (FolhaBV)
Depois de três semanas em greve, em luta por melhores condições de vida e trabalho, os bancários voltaram ao trabalho nessa segunda-feira, 14 de outubro. Reivindicavam 12% de reajuste salarial e conseguiram 8%. Embora com um pequeno aumento real (acima da inflação), ou seja, 1,82%, fica a certeza e a coerência de lutar contra o arrocho salarial pretendido pelos banqueiros, apesar dos seus lucros exorbitantes. Para você, leitor, ter uma ideia, só o lucro do Banco do Brasil bateu os 10 bilhões de reais, o que equivale a quase dez vezes o orçamento anual do Estado de Roraima. Mais que reajuste de salário, os bancários lutaram para manter a Convenção Coletiva Nacional (Acordo de Trabalho que vale para o Brasil todo), na qual há vários pontos que vão da Ajuda Alimentação, passando pela Participação nos Lucros e Resultados (PLR), Licença Maternidade, contra o Assédio Moral, contratação de mais trabalhadores para melhor atender a população, até a democratização nas relações de trabalho. Os banqueiros constituem, entre as atividades empresariais do setor de serviços, os únicos que não conhecem crise, mantendo seus lucros com as abusivas taxas de manutenção de contas, extratos caríssimos, altas tarifas e juros do cartão de crédito e, principalmente, alimentados pela mais alta taxa de juros do Planeta. Por isso são muito generosos em época de eleições, fortalecendo o caixa dos candidatos dos partidos majoritários em nosso País. Cada vez mais os bancos adquirem o caráter de agiotas oficializados, com a venda casada de produtos, por exemplo, mesmo que proibida por lei, ou seja, venda de seguros, produtos de capitalização de crédito, aplicação financeira de recursos sem consentimento do cliente, entre outras atividades ilegais. Os bancos oficiais priorizam a rentabilidade em detrimento do crédito para a atividade social, com poucos e tímidos projetos de democratização dos recursos financeiros, de modo a dirigi-los para os micro, pequenos e médios empreendimentos. Além do mais, nos bancos públicos, apesar da manutenção da admissão por concurso público (o que é absolutamente correto), a ascensão profissional interna por prova de conhecimentos foi abandonada. Com a luta dos bancários nesse outubro de 2013, uma pequena contribuição foi dada para a luta dos trabalhadores deste nosso Brasil, pois, apesar das especificidades de outras categorias, somente a luta firme, somente a união, somente a construção da esperança pode fazer-nos sonhar e construir um projeto necessário.
Robert Dagon, bancário. robert_dagon@hotmail.com